Iniciativas incentivam práticas sustentáveis na Ilha do Mel
ODS12 – Consumo e Produção Sustentáveis – Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
ODS15 – Vida Terrestre – Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade
ODS17 – Parcerias e Meios de Implementação – Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável

Paula Beruski. Foto: AMA – Fabiano Ferreira
Com pouco mais de mil habitantes, um dos destinos turísticos mais procurados do Paraná, a Ilha do Mel também enfrenta o desafio da gestão do lixo. Na alta temporada, a reserva ambiental sofre com a ação dos 5 mil visitantes (capacidade máxima permitida), além do óbvio problema logístico que envolve qualquer operação numa ilha.
Para minimizar o impacto da ação humana e proteger o meio ambiente, duas iniciativas são realizadas por um comitê que reúne equipes da Portos do Paraná, Prefeitura de Paranaguá, IAT (Instituto Água e Terra) e moradores. O programa Selo Verde e o projeto Compostar para Cultivar multiplicam boas práticas ambientais entre comerciantes e moradores da ilha do Mel. O Blog Cidade AMA foi até a Ilha do Mel conhecer as iniciativas e conversar com moradores e responsáveis pelas ações.
A coordenadora técnica do projeto Compostar para Cultivar, Paula Beruski, conta que, desde 2020, faz visitas com foco nas pessoas que tenham interesse em adotar a compostagem.
“Devido ao solo arenoso da ilha, adotamos a compostagem seca, ou aeróbica. Para isso, utilizamos caixas vazadas, com furos, parecida com aquelas de feiras ou mercados para servir como depósito de folhas e peneirar o excesso de areia que não faz bem para a compostagem”, lembra Paula.
“As informações sobre compostagem, geralmente, remetem ao minhocário. Vi muitas pessoas pegando um balde e simplesmente deixando o material orgânico ali, mesmo sem minhoca dentro. Além do mal cheiro do chorume, esse tipo de compostagem atrai insetos e animais. Daí a pessoa nunca mais quer fazer compostagem. Uma coisa é o biofertilizante das minhocas, agora aquele chorume dos orgânicos, ele não é bom. Então nossa composteira não tem chorume, não tem mau cheiro, não tem mosca, não chama rato”, afirma Paula.
Selo Verde certifica pousadas e restaurantes
Outra ação que pretende melhorar a gestão de resíduos na Ilha do Mel é o Selo Verde. A ideia é conscientizar, ensinar e colocar em prática a separação correta do lixo gerado dentro da Ilha do Mel, implantar regras unificadas de descarte, gerenciar os resíduos recicláveis, dar a destinação correta para os rejeitos, inserir a prática de compostagem e incluir novas de boas práticas ambientais.
Para participar do programa o estabelecimento precisa seguir três critérios:
- Possuir lixeira ou espaço para descarte dos resíduos, de preferência dentro do próprio terreno, acessível aos coletores e inacessível a animais;
- Separar os resíduos nas categorias corretas e acondicionar nos sacos indicados (preto para rejeito, azul para recicláveis, ráfia para grande quantidade de garrafas de vidro, saco + ráfia para grandes quantidades de restos de comida);
- Ter recebido a visita do Projeto Compostar para Cultivar, com o objetivo de conhecer e aprender os benefícios da compostagem e se viável, começar a praticar a compostagem.
Até o momento, 7 pousadas na região de Encantadas receberam o certificado,outras 3 estão em processo de adaptação. O próximo passo será começar a visitar e certificar restaurantes.
Comerciante mobiliza vizinhos para práticas sustentáveis
Conversamos com Elza Rosilda de Oliveira, comerciante há 17 anos, em Brasília, na Ilha do Mel.
O que despertou o interesse da senhora em se envolver nas causas ambientais e ações sustentáveis no seu estabelecimento comercial?
Sempre fui da roça. E aquillo que vem da roça pra terra tem que voltar. Como o verde, as folhas e as cascas, tudo vira adubo de volta, vira terra de volta, vira alimento de novo.
Como mobilizar outros comerciantes aqui da região para que se envolvam mais nesses projetos de sustentabilidade e ações ambientais?
Conversando. Observando quem tem dúvida, quem separa óleo. Quando eu cheguei na ilha, eu via as pessoas jogando o óleo diretamente num buraco na areia. Não só óleo, era vidro, resíduo e eu achei um absurdo. Partiu de mim mesmo e não de outras pessoas.
O que a senhora acha que falta para que as pessoas tenham maior consciência de fazer a separação e descarte correto desses resíduos?
Penso que falta mais ação da prefeitura em primeiro lugar e se conscientizar o povo ele já começa a ver tudo isso com outros olhos, né? Principalmente o papelão, que eu jogo muito fora, papel, descarte de óleo, latinhas.
Tem algum ponto de descarte ou PEVs aqui na Ilha, e como vocês fazem essa mobilização de separar, quem leva o resíduo, como vcs fazem para descartar o óleo?
Não temos PEVs aqui na ilha. Eu coloco todo o óleo nos galões e transporto para o outro lado, lá um rapaz pega e esse óleo que é vendido, mas aqui na Ilha eu não conheço um lugar certo destinado para isso.
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