Outubro Rosa – Número de mamografias no Brasil está abaixo do recomendado pela OMS
Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologista (SBM), apenas uma em cada 4 mulheres realiza o exame de mamografia.
O Outubro Rosa é uma das maiores campanhas em prol da saúde da mulher. Seu maior objetivo é alertar mulheres e toda sociedade sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama, e agora também do câncer de colo de útero. Em todo o mundo, diversas organizações realizam ações sobre o tema no mês de outubro, com intuito de divulgar o acesso a serviços voltados à prevenção da doença.
Tudo começou em 1990 com Nancy Brinker, fundadora do Instituto Susan G. Komen for the Cure, na cidade de Nova York, ao distribuir laços cor de rosa entre participantes da Corrida pela Cura. A ideia era homenagear sua irmã Susan, que havia morrido devido ao câncer de mama 11 anos antes, Nancy idealizou a fundação acreditando que os pacientes tivessem mais informações sobre o câncer e seu tratamento.
O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, tornando-se uma das principais causas de morte entre esse público. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), caso esses diagnósticos continuem proliferando até o ano de 2030, a expectativa é de que haja um aumento de 46% no número de novos quadros. O câncer de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa o primeiro lugar. A taxa de mortalidade por câncer de mama, ajustada pela população mundial, foi 14,23 óbitos/100.000 mulheres, em 2019, com as maiores taxas nas regiões Sudeste e Sul, com 16,14 e 15,08 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente (INCA, 2021).
Déficit no número de exames
Mesmo com o envolvimento de entidades, empresas e poder público, o Brasil segue com déficit no número de exames recomendados pela OMS; apenas pouco mais de 1/4 das mulheres realiza a mamografia. A afirmação vem dos mastologistas e pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologista (SBM), que monitoram constantemente o índice de realização do exame em todo o país. Embora a entidade tenha identificado certa retomada, após os dois primeiros anos de pandemia, quando a demanda ficou represada, o assunto ainda é motivo de preocupação, pois apenas 1/4 das mulheres brasileiras realiza o exame.
Segundo o Dr. Vilmar Marques, presidente da SBM, há décadas o Brasil se mantém abaixo dos 70% de cobertura populacional, preconizado pela Organização Mundial de Saúde. Portanto, voltar aos patamares de antes da pandemia significa continuar abaixo do necessário. “Considerando que temos uma população de 215 milhões de brasileiros, sendo mais de 50% mulheres, e considerando a faixa etária a partir dos 40 anos, o número de mamografias deveria girar em torno de 45 ou 50 milhões de exames por ano, mas isso está muito longe de ser uma realidade”, afirma. Ao contrário, os números indicam que é realizado apenas cerca de 25% do total esperado.
De acordo com levantamento coordenado pela Dra. Jordana Bessa, membro da SBM, de janeiro a julho de 2022, foram realizadas 1.108.249 mamografias no Brasil, na faixa etária de 50 a 69 anos, no sistema público. Pela primeira vez em dois anos, vemos números comparáveis ao período pré-pandemia. O levantamento teve como base o número de mamografias realizadas pelos serviços públicos de saúde em todo o Brasil, veiculadas pelo DATASUS, entre janeiro de 2019 e julho de 2022, em mulheres com idade entre 50-69 anos. Mamografias de instituições privadas não foram incluídas.
Atualização dos exames
O estudo identificou ainda aumento da proporção de pacientes com exames atrasados em 2022; cerca de 40% das mulheres realizaram sua última mamografia há mais de três anos “Há uma demanda que precisa ser priorizada neste momento de retomada, tanto no que diz respeito à rotina preventiva quanto às pacientes que se encontram em tratamento. “As pacientes que interromperam o tratamento na pandemia precisam, urgentemente, voltar a realizar seus exames e acompanhamento médico. Estamos falando de uma doença que, se não tratada, pode avançar, comprometendo a sobrevida da paciente e diminuindo as chances de cura”, explica a médica, acrescentando que as mulheres de risco elevado (como aquelas com história pessoal ou familiar de câncer de mama) devem ser priorizadas.
Agilidade nos casos suspeitos
Para a Sociedade Brasileira de Mastologia, uma das prioridades para o Brasil é o atendimento mais ágil dos casos suspeitos. As mulheres com nódulos palpáveis ou resultados anormais de mamografia deveriam ter acesso fácil à biópsia e ao início do tratamento. Assim, nos últimos anos, a entidade tem apoiado diversas frentes nesse sentido, como o Guia de boas práticas em navegação de pacientes com câncer de mama no Brasil, buscando aproximação com o Ministério da Saúde para a inserção de tais medidas nas diretrizes dos governos para o tratamento destas pacientes.
Chances de cura aumentam com a detecção precoce
Identificar o câncer de mama nas fases iniciais e procurar um tratamento adequado aumentam as chances de cura e também a qualidade de vida. Para isso, especialistas recomendam a adoção de hábitos saudáveis. A prevenção, em geral, atua sobre os fatores de risco e sugere mudanças de hábitos como o consumo excessivo de álcool, tabagismo, práticas de atividades físicas e alimentação saudável. No entanto, nem sempre é possível evitar o aparecimento de nódulos malignos nas mamas, especialmente nos casos em que há histórico familiar. Nesses casos, especialistas são unânimes em dizer que o diagnóstico logo no início aumenta consideravelmente as chances de cura.
O câncer de mama pode se manifestar antes do aparecimento de sintomas, por isso, fazer a mamografia anualmente pode ser determinante para a saúde. Isso porque, com a detecção precoce, é possível iniciar o tratamento o quanto antes, aumentando assim a probabilidade de que a doença seja totalmente extinta.
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