Contra o desperdício, empresa vende orgânicos “fora do padrão” mais baratos

Contra o desperdício, empresa vende orgânicos "fora do padrão" mais baratos

Cesta orgânica da Diferente. Crédito da foto: Mariana Harder

Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós-colheita. Essa é a meta 12.3 do Objetivo de Desenvolvimeto Sustentável 12 – Consumo e produção responsáveis – estipulada pela ONU.

Estima-se que 931 milhões de toneladas de alimentos, ou 17% do total de alimentos disponíveis para os consumidores em todo o mundo, foram para a cesta do lixo de domicílios, varejistas, restaurantes e de outros serviços alimentares, de acordo com o estudo global Índice do Desperdício de Alimentos, publicado em 2019 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (PNUMA) e a organização inglesa WRAP (The Waste and Resources Action Programme). Clique aqui para ver o estudo completo

No Brasil, 27 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas em média a cada ano. De acordo com análise da ONG Banco de Alimentos, com base em dados da Embrapa,  o desperdício de um terço de alimentos que ocorre em toda a cadeia alimentar; nas fazendas, nos estoques de comida, no transporte, nos comércios, em casa.

Uma empresa em São Paulo quer fazer parte da mudança dessa realidade e promover o acesso à alimentação saudável alavancando combate ao desperdício de vegetais. Lançada em 2022, a Diferente é uma foodtech de assinatura de alimentos orgânicos que resgata frutas, verduras, legumes e temperos que seriam jogados fora por serem considerados “fora do padrão”, mesmo em ótimo estado para consumo.

Para isso, a foodtech idealizada pelos sócios Eduardo Petrelli (ex-James Delivery), Saulo Marti (ex-Olist), Paulo Monçores (ex-VTex) e Walter Rodrigues (ex-Rappi) compra diretamente dos produtores e promete revender aos consumidores com preços até 40% mais baratos do que a concorrência – tanto de mercados tradicionais quanto os online. O serviço de assinatura, entrega semanalmente ou quinzenalmente na casa dos clientes uma cesta de orgânicos que pode conter de 20 a 50% dos itens “fora do padrão” e o restante “dentro do padrão”.

Em feiras e mercados, o consumidor sempre busca os itens mais bonitos. Por exemplo, o tomate mais vermelho e redondinho, a cenoura sem deformidade e também o mamão sem riscos ou ‘machucados’. Nossa empresa surge com propósito de mostrar que as frutas, legumes e verduras orgânicas não esteticamente tão perfeitas também podem ser consumidas. Muitas vezes, quando vamos em um restaurante não paramos para pensar se os vegetais do prato estavam dentro ou fora de um padrão estético, porque no final o que importa mesmo é a qualidade, nutrientes e o sabor”, explica Saulo Marti, cofundador e CMO da Diferente.

O empreendedor relata ainda que um dos gatilhos para a criação da Diferente foi justamente um dado revelado pela ONU mostrando que 30% da comida é desperdiçada entre a colheita e a venda nos mercados tradicionais. “Percebemos que havia uma oportunidade de combater o desperdício de alimentos e, também, impulsionar toda a cadeia de produção agrícola e o consumo de alimentação saudável. Além disso, que fundamento tem forçarmos os alimentos a terem um padrão estético? Especialmente, se considerarmos que estes vegetais vão ser processados de alguma maneira antes de serem consumidos, seja picados, refogados, cozidos, etc. No final, estamos falando de comida de qualidade e ótima para consumo que acabavam na lata do lixo pela aparência, enquanto milhares de pessoas no Brasil e no mundo não têm o que comer”, afirma.

Como funciona o modelo de negócio da startup

O processo para fazer a assinatura é simples: no site da empresa, o cliente seleciona o tamanho de cesta, entre as opções P, M e G, indica se tem algum tipo de restrição alimentar e a frequência que deseja receber (semanal ou quinzenal). Vale ressaltar ainda que os produtos oferecidos dependem da sazonalidade e da colheita da semana, por isso a seleção do que vai na cesta não é totalmente previsível.

No começo da assinatura as pessoas costumam pedir a cesta M e depois mudam para a de tamanho G. Outras curiosidades sobre o negócio é que o jiló é o legume menos popular, aquele mais citado nas listas de restrições e o fato de muita gente nem conhecer o inhame. Por outro lado, os campeões de elogios são o maracujá, a mexerica e o abacaxi”, revela Saulo.

Atualmente, o serviço está disponível em todos os bairros de São Paulo (capital), Itapevi, Jandira, Carapicuíba, Osasco, Barueri, Santana de Parnaíba, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá e região do rodoanel em Santo André.

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