A Grande Mancha de Lixo no Pacífico

 (Foto: Caroline Power) 

É assustadora a quantidade de lixo acumulada no Oceano Pacífico ao longo de décadas

Você já ouviu falar em ilhas de lixo? Mais habitualmente conhecidas como grandes manchas de lixo, são imensas áreas no oceano onde o lixo se acumula. A maior ilha de lixo tem, acredite se quiser, três vezes o tamanho da França. 

Essas manchas de lixo são formadas por correntes oceânicas rotativas. Algo como grandes e lentos redemoinhos. À medida que essas correntes giram, coletam todo esse lixo oceânico em um local concentrado, formando manchas enormes, que vistas de longe parecem uma ilha. 

Há cinco manchas de lixo no oceano, de tamanhos variados. Uma, no Oceano Índico, duas no Oceano Atlântico e duas no Oceano Pacífico. A mais famosa é chamada de Great Pacific Garbage Patch, em português, Grande Mancha de Lixo do Pacífico. Está localizada entre o Havaí e a Califórnia. 

De onde vem todo esse lixo? 

O lixo que chega ao oceano a partir da costa oeste dos Estados Unidos e da costa leste do Japão é carregado por correntes do Pacífico Norte, cuja rotação no sentido horário atrai e retém matéria sólida. 

A maior parte do lixo encontrado nessas ilhas é plástico. Em todo o mundo, mais de 380 milhões de toneladas de plástico são produzidas e metade disso é de uso único, ou seja, usadas por alguns momentos e depois jogadas fora, como sacolas plásticas, garrafas pet e canudos. Parte desse lixo plástico acaba no oceano.

As manchas de lixo estão bem no meio do oceano, onde as pessoas raramente vão. Por estarem em lugar tão remoto é mais difícil de estudá-la, mas já se sabe que detritos marinhos acumulados em manchas de lixo podem impactar a vida selvagem de várias maneiras.

Imagem: Shutterstock

Qual o tamanho dessas ilhas, ou manchas de lixo?

As dimensões e a profundidade das manchas de lixo estão mudando continuamente. De acordo com um estudo científico publicado em 2018, pela revista Nature, a Grande Mancha de Lixo do Pacífico é um continente de 1,6 milhões de quilômetros quadrados, com aproximadamente 80 mil toneladas de plástico. Pior, não para de crescer. Se a região externa da mancha, menos densa, também fosse considerada, a estimativa total estaria próxima de 100 mil toneladas.

Os detritos variam em tamanho, desde grandes redes de pesca abandonadas até minúsculos microplásticos – pedaços de plástico com menos de meio centímetro. Se espalham pela superfície da água até o fundo do oceano. É difícil precisar um tamanho, pois, o lixo está em constante movimento com as correntes e ventos do oceano, mas é fato que as manchas de lixo são enormes.

O impacto das manchas de lixo

A poluição plástica na Grande Mancha de Lixo do Pacífico não apenas representa riscos para a segurança e a saúde dos animais marinhos, mas também afetam a economia e a saúde dos seres humanos. Uma vez que o plástico entra na cadeia alimentar marinha, pode também contaminar a cadeia alimentar humana. Os esforços para limpar e erradicar o plástico oceânico também causam encargos financeiros significativos.

Afeta a cadeia alimentar humana

Com uma quantidade tão grande de lixo nos oceanos, principalmente plástico, os animais acabam sendo as maiores vítimas, pois, ao confundir com comida, ingerem pedaços desse tipo de resíduo. Assim, o microplástico acaba passando por toda a cadeia alimentar do oceano, dos plânctons até os frutos do mar, peixes, aves e mamíferos marinhos. 

Sabendo que muitos animais marinhos fazem parte da alimentação humana, o plástico consumido por espécies marinhas também entra na cadeia alimentar humana através do consumo de peixes. Ou seja, também ingerimos os microplásticos. As implicações para a saúde humana ainda não são totalmente conhecidas, mas é de se considerar podem causar diferentes problemas. Entre os mais graves, doenças relacionadas ao sistema endócrino e o câncer. 

Afeta a economia

A estimativa é de que o custo anual devido ao plástico marinho está entre 6 e 19 bilhões de dólares. Decorrem de seu impacto no turismo, pesca, aquicultura e limpeza. Devido às insuficientes informações disponíveis, esses custos não incluem o impacto na saúde humana e no ecossistema marinho. Isso significa que interceptar o plástico nos rios é muito mais econômico do que lidar com as consequências.

Outros impactos

Os detritos marinhos em manchas de lixo podem ter outras consequências, como danos a embarcações, causando perigo para a navegação. Detritos marinhos podem ser difíceis de ver no oceano se estiverem flutuando abaixo da superfície da água. Um barco em movimento na água pode atingir os destroços, causando sérios danos à embarcação. 

O que acontece se nada mudar?

Os locais e tamanhos dessas manchas de lixo provavelmente não vão mudar em pouco espaço de tempo. No entanto, a quantidade de detritos pode continuar crescendo à medida que mais e mais detritos acabam no oceano diariamente, e isso vai causar mais impactos negativos ao meio ambiente, a navegação, a segurança das embarcações e a economia.

Como podemos nos livrar de manchas de lixo?

Parte do material levará muito tempo para se decompor no meio ambiente, enquanto outros materiais, como plásticos, podem nunca desaparecer totalmente. Detritos grandes, como redes de pesca, podem ser removidos pelas pessoas, mas os detritos também são compostos de pedaços de plástico com menos de meio centímetro. Misturados continuamente pela ação do vento e das ondas, se espalham da superfície até o fundo do oceano. Como microplásticos são tão pequenos, é muito difícil removê-los. Encontrar uma solução tecnológica econômica que possa enfrentar esse desafio é uma tarefa extremamente assustadora. 

O que está ao nosso alcance?

O descarte correto de lixo plástico ou mesmo a limitação do uso de certos itens de plástico depende de cada um de nós. A conscientização sobre as graves consequências da poluição plástica está aumentando, e novas soluções, incluindo o aumento do uso de plásticos biodegradáveis e uma filosofia de “resíduo zero”, estão sendo adotadas pelos governos e pelo público.

Prevenir é a melhor solução

Podemos nos concentrar na prevenção e na remoção de detritos marinhos em áreas costeiras, onde são mais visíveis e fáceis de coletar. Imagine uma pia suja com água transbordando. O primeiro passo antes de limpar é fechar a torneira. É exatamente assim que a prevenção funciona. 

Ao agir para evitar o lixo marinho, podemos impedir que esse problema aumente. Se quisermos “fechar a torneira”, todos, incluindo governo, empresas e pessoas como nós, teremos que fazer algumas mudanças significativas. Somos o problema e, por isso, também devemos ser a solução.

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